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Justiça europeia investiga Rassemblement National e aliados no Parlamento Europeu
O Ministério Público Europeu anunciou esta terça-feira a abertura de uma investigação contra o antigo grupo político Identidade e Democracia (ID), ao qual pertencia o Rassemblement National (RN), partido de extrema-direita francesa, no Parlamento Europeu até 2024, suspeito de várias irregularidades financeiras. O presidente do partido francês, Jordan Bardella, que preside atualmente o Patriotas pela Europa denuncia uma "nova operação de assédio do Parlamento Europeu" mas distancia-se do antigo grupo da sua família política.
O Rassemblement National e os seus aliados do antigo grupo Identidade e Democracia no Parlamento Europeu são suspeitos de terem "despendido indevidamente" mais de 4,3 milhões de euros entre 2019 e 2024, de acordo com um relatório da Direção de Assuntos Financeiros do Parlamento Europeu, revelado no início do mês por vários meios de comunicação social.
Apesar do partido francês não ter estado, durante esse período, nem na presidência nem o secretariado-Geral dessa coligação, a maior parte desse montante terá beneficiado duas empresas ligadas a pessoas próximas da sua antiga líder Marine Le Pen: o seu antigo conselheiro Frédéric Chatillon e a sua esposa Sighild Blanc.
Em resposta a estas acusações, um porta-voz do Ministério Público Europeu revelou à agência France Presse (AFP) que tinha aberto uma investigação, sem fornecer mais detalhes "para não comprometer os resultados da investigação".
Por sua vez, o Parlamento Europeu disse "tomar nota da decisão do Ministério Público" e manifestou plena disponibilidade para cooperar com as autoridades nacionais e europeias.
"Operação de assédio do Parlamento Europeu"
Após o anúncio de abertura de uma investigação, o presidente do partido francês que preside atualmente o Patriotas pela Europa denunciou uma "uma nova operação de assédio por parte da administração do Parlamento Europeu". E acrescentou que, "ninguém se deixa enganar por este tipo de operação".
Numa conferência de imprensa esta terça-feira, em Estrasburgo, Jordan Bardella criticou a administração do Parlamento Europei, acusando-a de ter divulgado correspondência interna com a imprensa e lamentou que a "luta judicial" faça "infelizmente parte da luta política".
Bardella distancia-se do Identidade e Democracia
De acordo com Jordan Bardella, os antigos líderes do Identidade e Democracia (ID) "contestam a totalidade das acusações feitas pela administração europeia". No entanto, apesar da sua posição de denúncia o eurodeputado francês fez questão de distanciar-se do antigo grupo que está na mira da justiça europeia. "Sou o presidente dos Patriotas, não fui presidente da Identidade e Democracia e não existe qualquer ligação jurídica entre as nossas duas entidades", sublinha Jordan Bardella.
Por sua vez, a líder de extrema-direita, Marine Le Pen, ainda não reagiu à abertura desta investigação. Recorde-se que Marine Le Pen foi condenada num caso distinto, conhecido como o dos assistentes parlamentares europeus, ficando inelegível para qualquer eleição, pelo menos até o seu julgamento em segunda instância, previsto para o verão de 2026.
Sobre esta condenação, Marine Le Pen anunciou na terça-feira que recorreu ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH) para contestar a pena de inelegibilidade.
c/agências
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